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Mantra para consagrar o alimento

 

Mantra é a forma sonora de poder mas é também uma oração. Saiba como usá-lo para tomar consciência do ato de nutrir-se

 

Mantra é a forma sonora de poder com grande influência sutil e transformação também do físico. Os mantras são usados pelos Yoguis há milênios e carregam em si uma grande potência energética.

 

Copiei aqui um belo texto do meu professor de Yoga Pedro Kupfer (com quem fiz formação em 2004) que aprendeu na fonte a recitar esse mantra e desenvolve um trabalho super sério. Texto retirado de www.yoga.pro.br. Esse é um dos 4 mantras que utilizamos aqui na produção do nosso Ghee Yamuna e demais produtos. Temos certeza que a o aspecto sutil e energético do alimento é muito importante, e carrega “prana” ou energia vital para dentro de quem consome.

 

 

Mantra para consagrar o alimento

 

mantra yamuna

 

Ouça o mantra clicando aqui. (Áudio do Pedro Kupfer)

 

Tradução:

 

“Para [aquele que se libertou dos condicionamentos], o ato de fazer a oferenda é Brahman, a oblação é Brahman. Por Brahman é oferecido no fogo que é Brahman. Brahman é o objetivo a ser conhecido por aquele que percebe Brahman em suas ações”. O verso conclui com a tradicional saudação aos Mestres, “Sri gurubhyo nama?, Hari? O?”

 

Comentário:

 

O verso sânscrito que usamos no Yoga para consagrar o alimento é uma estrofe do imortal diálogo entre o “Sri gurubhyo nama?, Hari? O?” e o príncipe Arjuna, respectivamente mestre e aluno, naquele que vem a ser o mais importante sastra do Yoga de todos os tempos: a Bhagavadgita. Esta estrofe está no quarto capítulo (IV:24) desse texto fundamental da tradição do Yoga.

 

Diferentemente do que possa parecer à primeira vista, este mantra não é precisamente um agradecimento, mas uma maneira de tomar consciência do significado do ato de nutrir-se. Consiste em levar a mesma consciência da unidade que permeia todas as coisas para o nosso prato. A ideia é usarmos este mantra a cada refeição. Podemos fazer ele mentalmente com os olhos fechados, o que irá nos levar apenas algumas poucas respirações profundas à beira da mesa, ou ainda verbalizá-lo em voz alta se preferirmos.

 

A tradução diz assim: “Para [o homem que se libertou de seus condicionamentos], o ato de fazer a oferenda é Brahman, a oblação é Brahman. Por Brahman é oferecido no fogo que é Brahman. Brahman é o objetivo a ser conhecido por aquele que percebe Brahman em suas ações”. E termina com a tradicional saudação aos Mestres, “Sri gurubhyo nama?, Hari? O?”.

 

Isto significa que toda ação, todo momento, todo lugar, são oportunidades para cultivarmos a consciência de que não estamos sós, de que não há, nunca houve e nunca haverá, separação. E de que, portanto, não precisa haver aflição ou sofrimento, nunca. Nascemos, crescemos, vivemos e somos sustentados pelo Pleno.

 

Cada ação é feita a cada momento graças e através da presença do Ser invariável. Cada gesto, por pequeno ou banal que pareçe, é uma boa oportunidade para tomarmos consciência da Plenitude que permeia a criação, em todas as situações, tempos e lugares.

 

No contexto original do diálogo da Bhagavadgita em que aparecem estes versos,“Sri gurubhyo nama?, Hari? O?” a explica ao seu amigo Arjuna qual é a atitude do devoto consciente frente ao altar do fogo, na hora de fazer uma oferenda. Desde a perspectiva da pessoa que se libertou dos condicionamentos, o mantra diz quatro coisas.

 

A primeira é que a ação de realizar a oferenda é manifestação do Ser Ilimitado, Brahman. A segunda, que aquilo que é oferecido é manifestação do Ilimitado. O terceiro elemento é que aquele que realiza a ação que a oferenda igualmente é manifestação do Ilimitado. E, por último, o fogo ao qual a oferenda é feita é também manifestação do Ilimitado.

 

À beira da mesa, a cada refeição, podemos ver o ato de nos alimentar com o mesmo olhar. A ação de comer é manifestação do Ilimitado. O alimento que você ingere é manifestação do Ilimitado. Você, que ingere o alimento, é manifestação do Ilimitado. O fogo digestivo, que assimila o alimento, é igualmente manifestação do Ilimitado.

 

Um detalhe interessante é que este mantra não torna significativo apenas o momento de nos alimentar, mas também pode ser aplicado a outras ações ao longo do dia. Fica então aqui o convite para lembrar destas palavras de sabedoria da Bhagavadgita noutros momentos ao longo do dia de hoje. Assim, podemos cultivar, agora, daqui a pouco, na próxima refeição e na seguinte, a consciência da Unidade nas ações. Bom apetite. 

 

Namaste!

 

Agradecemos imensamente o trabalho do Pedro Kupfer e colaboradores do site www.yoga.pro.br pelas publicações excelentes em benefício do yoga e de todos nós. Obrigado!

 

Bernardo Sens

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